Quais efeitos a cannabis medicinal tem sobre a esclerose múltipla?
A esclerose múltipla é uma doença inflamatória do sistema nervoso que afeta aproximadamente 2 milhões de pessoas em todo o mundo.
Esta doença é caracterizada por múltiplas lesões chamadas "placas" que se apresentam como áreas focais de inflamação e ativação de células chamadas "glia".
As placas podem aparecer em qualquer região do sistema nervoso central, portanto os sintomas dependem da localização da lesão, e são explicados por uma alteração na transmissão dos impulsos nervosos entre os neurônios devido à inflamação e danos à bainha de mielina nas fibras nervosas (desmielinização) sendo necessária para esta transmissão.
Nesta ordem de ideias, os sintomas incluem perda de algumas funções fisiológicas, paresia (fraqueza muscular), hipoestesia (diminuição da percepção sensorial), deficiência visual, espasticidade (músculos tensos e rígidos), diplopia (visão dupla) ou ataxia (diminuição da capacidade de coordenar movimentos).
Uma pesquisa publicada revelou que até 47% dos pacientes com esclerose múltipla consideraram o uso medicinal da cannabis para seus sintomas. Isto pode ser porque a cannabis é recomendada para vários sintomas como dor, tremores, ansiedade e problemas de sono.
Entretanto, o principal uso da cannabis e seus derivados é o tratamento da espasticidade associada à esclerose múltipla. Os canabinoides, tais como THC e CBD, podem interagir com o receptor CB1 pré-sináptico, regular a liberação de um neurotransmissor chamado glutamato e assim modular sua atividade durante o fenômeno fisiopatológico que causa a espasticidade. A eficácia demonstrada por esses compostos levou à aprovação do uso de Sativex ( medicina com extratos de cannabis) para a espasticidade da esclerose múltipla.
No entanto, a cannabis medicinal não se limita à espasticidade; ela tem outras propriedades que beneficiam esses pacientes, como os efeitos neuroprotetor e anti-inflamatórios de alguns dos compostos da planta. Em modelos experimentais, o CDB tem sido capaz de prevenir a desmielinização e os infiltrados inflamatórios no tecido nervoso. Também tem demonstrado ser capaz de promover a liberação de fatores como o fator neurotrófico derivado do cérebro, proteger contra o dano oxidativo, diminuir os marcadores oxidativos e assim, exercer um efeito neuroprotetor.
Por outro lado, o efeito analgésico de alguns compostos canabinoides é capaz de diminuir a nocicepção e modular a dor nesses pacientes.
Para concluir, as evidências científicas disponíveis sugerem que a cannabis pode melhorar a qualidade de vida de pacientes com esclerose múltipla, especialmente para sintomas comuns e difíceis de tratar, como a espasticidade, e embora ainda haja um longo caminho a percorrer no campo da pesquisa, muitos pacientes recorreram à cannabis para obter alívio através da medicina natural e alternativa.
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