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Raízes de cannabis: a parte esquecida da planta de cannabis


Na planta da cannabis existe uma parte de sua anatomia que parece estar esquecida, talvez porque não é vista tanto: as raízes.


As raízes da cannabis ainda não encontraram um lugar entre os medicamentos ocidentais devido a que o conjunto de pesquisas sobre seus efeitos ainda é muito limitado. Entretanto, os estudos que foram realizados são muito promissores: é possível que estas raízes tenham um lugar no mundo do bem-estar e da medicina moderna.



Atualmente, não é muito comum ouvir falar sobre o uso das raízes da cannabis para qualquer finalidade. Geralmente são descartadas como lixo após a colheita, mas este nem sempre foi o caso: já no século XVII, vários herboristas recomendavam a raiz de cannabis para tratar inflamações, dores articulares, gota e outras condições.


O uso de raízes na medicina é comum: o uso da raiz de Valeriana (Valeriana officinalis) é bem conhecido como uma infusão para ajudar no relaxamento, a raiz de Ipecacuanha (Cephaelis ipecac) é um emético muito eficaz, a raíz de Echinacea (Echinacea purpurea) é usada como um estimulante imunológico e antibacteriano, e assim poderíamos nomear várias espécies botânicas cujo uso de raízes é benéfico, tais como Gengibre (Zingiber officinale), Harpagophytum (Harpagophytum procumbens), Genciana (Gentiana lutea), Ginseng (Panax ginseng), Curcuma (Curcuma longa), etc.


Os dados atualmente disponíveis sobre a farmacologia dos componentes da raiz da cannabis fornecem um apoio importante para as afirmações históricas e etnobotânicas de sua eficácia clínica. Sem dúvida, isto indica a necessidade de reexaminar preparações de raiz inteira para transtornos inflamatórios ou malignos, utilizando técnicas científicas modernas.


Entre os compostos ativos identificados nas raízes da cannabis estão os triterpenoides: friedelina e epifriedelanol; alcaloides: cannabis sativa e anidrocanabisativina, carvona e diidrocarvona, N-(p-hidroxi-b-feniletil)-p-hidroxi-trans-cinamamida; vários esteróis como sitosterol, campesterol e estigmasterol e outros compostos menores, incluindo a colina. Cabe destacar que as raízes da cannabis não são uma fonte importante de D-9-tetrahidrocanabinol (THC), canabidiol ou outros fitocanabinoides conhecidos.


As raízes da cannabis são muito menos populares do que as inflorescências (botões), mas também estão entrando no mercado moderno. O extrato de raiz de cannabis é um ingrediente em produtos de uso tópico, como pomadas, loções, bálsamos ou óleos de massagem, e também são consumidos como uma infusão após 12 horas de cozimento.


Referências:

Jin, D., Dai, K., Xie, Z., & Chen, J. (2020). Secondary Metabolites Profiled in Cannabis Inflorescences, Leaves, Stem Barks, and Roots for Medicinal Purposes. Scientific Reports, 10(1), 1–14.

Ryz, N. R., Remillard, D. J., & Russo, E. B. (2017). Cannabis Roots: A Traditional Therapy with Future Potential for Treating Inflammation and Pain. Cannabis and Cannabinoid Research, 2(1), 210–216.

Slatkin, D. J., Doorenbos, N. J., Harris, L. S., Masoud, A. N., Quimby, M. W., & Schiff, P. L. (1971). Chemical constituents of cannabis sativa L. Root. Journal of Pharmaceutical Sciences, 60(12), 1891–1892.

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