Um novo estudo revela os efeitos da cannabis sobre a doença inflamatória intestinal
Uma das patologias gastrointestinais mais comuns é a doença inflamatória intestinal, uma condição crônica que inclui duas entidades: a doença de Crohn e a colite ulcerativa, ambas estão relacionadas a uma reação imune inflamatória e cujos sintomas incluem diarréia crônica e dor abdominal.
Atualmente, não existe um tratamento eficaz, estabelecido e muito menos definitivo para esta patologia, a conduta terapêutica com estes pacientes é a administração de esteroides ou anti-inflamatórios não esteróides para reduzir a inflamação e, se necessário, são utilizados imunomoduladores.
No entanto, uma porcentagem de pacientes persiste com sintomas, apesar do tratamento prescrito. É por isso que alguns recorrem a novas opções, como alternativas mais naturais, incluindo a cannabis medicinal, que tem propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes que podem ser úteis nesta patologia.
O sistema endocanabinoide e o sistema digestivo
Para entender como a cannabis medicinal pode atuar sobre a doença inflamatória intestinal, devemos primeiro entender o sistema endocanabinoide, que é composto de endocanabinoides e receptores canabinoides que estão amplamente distribuídos em todos os sistemas do corpo humano. Em particular, o sistema digestivo possui um grande número de endocanabinoides e receptores canabinoides que são responsáveis pela regulação de muitas de suas funções.
Além disso, de acordo com estudos em modelos experimentais sobre o CBD e o THC, durante o processo inflamatório há um aumento da expressão de receptores aos quais os fitocanabinoides podem se ligar, tais como o CB1, CB2, PPARα e PPARγ.
Por causa disso, podemos associar com lógica e entender porque o uso da cannabis medicinal, especialmente por via oral, pode ter efeitos sobre o hábito intestinal.
Cannabis medicinal e doença inflamatória intestinal
Segundo as evidências disponíveis, alguns fitocanabinoides como o CBD, CBG e CBC exercem potentes efeitos anti-inflamatórios sobre o trato gastrointestinal, razão pela qual seu uso para aliviar os sintomas tem aumentado nos últimos anos.
Recentemente, um grupo de pesquisadores conduziu uma pesquisa para entender o padrão de uso e os efeitos da cannabis medicinal em uma amostra de 236 pacientes com doença inflamatória intestinal com sintomas leves a moderados que adquiriram cannabis medicinal em um dispensário.
A frequência de uso era pelo menos uma vez por semana, com predominância de produtos com alto teor de THC por inalação. Os respondentes relataram uma diminuição nas visitas às emergências após 12 meses de uso de cannabis medicinal, bem como um menor impacto dos sintomas na vida diária. Os efeitos colaterais incluíram sonolência, boca e olhos secos, e ansiedade entre 3-4% dos entrevistados.
Os pesquisadores concluíram que os usuários de cannabis medicinal com doença inflamatória intestinal apresentaram um alívio em relação a seus sintomas, sem efeitos adversos graves.
Esta é uma boa notícia para a comunidade de pacientes que vivem em uma eterna luta com problemas gastrointestinais, e também é muito útil entender dos próprios pacientes quais efeitos eles notaram em sua condição.
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