Uso de cannabis em lesão cerebral traumática
As lesões cerebrais traumáticas são a causa mais comum de morte em adultos jovens e crianças nos Estados Unidos, sendo uma das principais causas de morte e incapacidade em todo o mundo. Essas lesões têm graves consequências sobre a vida dos afetados, no entanto, pesquisas recentes indicam que a cannabis pode ser uma opção terapêutica para prevenir as consequências e complicações delas derivadas.
A lesão cerebral traumática (LCT) interrompe a função normal do cérebro. Durante a lesão, através de um mecanismo multifatorial, altera-se o metabolismo neuronal, a liberação de neurotransmissores, e diminui o fluxo sanguíneo para o parênquima cerebral, resultando em um processo inflamatório, com produção de mediadores químicos que induzem danos aos neurônios.
As causas mais frequentes são as quedas, os acidentes automobilísticos, e algumas alterações intracranianas como hemorragias.
As consequências e complicações de uma LCT incluem:
Convulsões
Transtornos neuroendócrinos (como diabetes insípido ou deficiência hormonal)
Hidrocefalia pós-traumática (acúmulo de líquido nas cavidades cerebrais)
Transtornos psiquiátricos (depressão, ansiedade, paranóia, psicose)
Malnutrição
Hipercoagulabilidade
Paralisia
Distúrbios da fala
Incapacidade
Então...
Para entender como a cannabis pode ser considerada como uma opção no tratamento da LTC, devemos lembrar a distribuição dos receptores canabinoides.
Os receptores CB1 acoplados à proteína G são encontrados no tecido nervoso em altas concentrações, principalmente no lóbulo temporal medial, estriato e córtex cingulado. Eles atuam quando ativados por fitocanabinoides ou endocanabinoides, e produzem inibição da liberação do neurotransmissor GABA, glutamato e acetilcolina.
Por outro lado, o receptor CB2 está localizado em células do sistema imunológico, com uma relação potente com o efeito anti-inflamatório da planta.
Como funciona a cannabis na lesão cerebral traumática?
Durante:
Por meio de modelos experimentais de isquemia cerebral, tem sido utilizado o canabidiol (CBD) ou seus análogos (agonistas de receptores canabinoides) para avaliar seu efeito sobre o dano tecidual. Nesses estudos, descobriu-se que o CDB pode reduzir uma diminuição das citocinas pró-inflamatórias, da ativação da microglia e da produção de nitrito, além disso, facilitando a ação da anandamida e dos sistemas antioxidantes. Tudo isso aumenta a sobrevivência neuronal e diminui os danos causados pela resposta inflamatória.
A evidência indica que o sistema endocanabinoide pode exercer atividade neuroprotetora através da inibição de neuroinflamação e liberação de neurotransmissores.
Depois:
O uso médico de canabinoides pode modular as condições psiquiátricas que muitas pessoas sofrem após uma LCT, como ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático.
Da mesma forma, a cannabis pode ser útil no tratamento da dor crônica e neuropática presente em aproximadamente 40% dos pacientes que sofrem uma LCT, e pode ajudar a melhorar as desordens do sono nessa população.
Por outro lado, as pesquisas sobre a cannabis em doenças como Alzheimer, esclerose múltipla e Parkinson mostram que alguns compostos na planta são potencialmente capazes de prevenir a perda de memória, melhorar a atividade motora e promover a neurogênese. Tais propriedades também beneficiam as pessoas com sequelas a longo prazo após uma LCT.
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